
Antônio Carlos Valêncio Barbosa
Chegamos a quase 500 mil profissionais de contabilidade no Brasil, distribuídos em órgãos públicos, consultorias e escritórios, exercendo a profissão de analistas, auditores e contadores. Porém, de acordo com pesquisa de 2011 da companhia ManPowerGroup, a contabilidade está entre as 10 profissões com maior escassez de qualificações profissionais.
Em Rio Preto, são 1.580 profissionais trabalhando na área contábil, sendo 1.166 do sexo masculino e 414 do sexo feminino. “Existem 302 empresas contábeis, sendo 175 sociedades limitadas e 127 escritórios individuais. Ressaltamos que a regional de São José do Rio Preto compreende as cidades de Barretos, Catanduva, Fernandópolis, Jales, Novo Horizonte, Olímpia, Santa Fé do Sul e Votuporanga, com total de 5.163 profissionais ativos. Só na região de Rio Preto temos 2.340 profissionais”, informa Acácio Roberto de Mello, delegado regional do CRC (Conselho Regional de Contabilidade).
Segundo levantamento do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), só em São Paulo, de janeiro a abril deste ano, foram criadas 159.106 entidades e empreendimentos entre públicos e privados, e estes certamente precisarão de profissionais especializados para atuar no segmento financeiro. “Esse é um fator que nos preocupa, pois o investimento em qualificação e aprimoramento profissional na área contábil é muito pequeno”, observa Antônio Carlos Valêncio Barbosa, diretor da regional do Sescon/SP.
Há algum tempo a contabilidade, principalmente entre as pequenas e médias empresas, tem sido relegada a segundo plano em virtude do desvirtuamento da atividade do contador, que ao invés de se ocupar em registrar o patrimônio da empresa, tem se ocupado em apurar impostos e cumprir as obrigações acessórias impostas pelo fisco, sendo praticamente um auxiliar fiscal das repartições governamentais, custeados pelas empresas que o remuneram.
Com o avanço da informática e a modernização da máquina arrecadatória, enxergamos que num futuro próximo o contador voltará para a sua função original, que é controlar patrimônio e auxiliar diretamente na gestão das empresas.
A contabilidade existe desde os primórdios da civilização. O processo se iniciou quando o homem começou a contar, a marcar, a distribuir, a apropriar-se e a trocar. A finalidade da ciência contábil é controlar o patrimônio. Através da técnica contábil, se registra o patrimônio, sendo esse a conseqüência do capital aplicado adicionado ao resultado obtido nas transações mercantis.
Desde as maiores conquistas até os insucessos administrativos, é ao profissional de contabilidade que a empresa recorre não só para resolução de problemas financeiros, mas também em questões sobre ética, burocracia, legislação e visão de futuro. “Não existe negócio sem gestão ou planejamento financeiro. Dessa forma, fica impensável a possibilidade de uma companhia se equilibrar sozinha em meio a tantas obrigações fiscais e deveres com funcionários, clientes e fornecedores, sem o apoio de um especialista. Por isso, mesmo com a escassez de mão de obra hoje, em curto e médio prazo esse cenário tende a mudar”, fala o empresário contábil Vanderlei Chiareli, da Contep Contabilidade.
A contabilidade, como ferramenta de gestão, demonstra através de suas inúmeras possibilidades de execução e análises, a situação econômica e financeira da empresa. Economicamente, demonstra a situação de lucro ou prejuízo e, financeiramente, demonstra a situação de solvência ou insolvência da empresa.
Atualização constante
Para que o contador acompanhe os avanços da tecnologia e as constantes atualizações das leis tributárias, é imperioso que haja preocupação do profissional, bem como das empresas contábeis no aprimoramento das técnicas contábeis, através de cursos e treinamento de pessoal para que estejam capacitadas para a nova demanda de serviços de auxiliares de gestão das empresas e clientes.
Para sobreviver ao mundo globalizado, o contador deve sair daquela posição pacata e ultrapassada, e ir ao encontro de soluções legais e inteligentes que possam ajudar o empresário brasileiro a enfrentar os desafios que o mundo dos negócios exige. A escrituração eletrônica, a nota fiscal eletrônica e os arquivos digitais são apenas algumas das recentes alterações que o contador precisa acompanhar e deter conhecimento suficiente para auxiliar seus clientes, que na maioria das vezes, recorrem ao contador para sanar as dúvidas a respeito de como seu negócio será afetado por estas novas tecnologias e mudanças.
Algumas conceituadas entidades, como CRC (Conselho Regional de Contabilidade), Sescon (Sindicato das Empresas Contábeis do Estado de São Paulo), Assescrip (Associação das Empresas de Serviços Contábeis de Rio Preto) e Sindicont (Sindicato dos Contabilistas de SJRP), disponibilizam cursos, seminários, simpósios e demais recursos necessários ao aprimoramento do conhecimento.
Atender ao anseio das empresas contábeis comprometidas com a ética e a qualidade é um dos grandes compromissos do SESCON-SP (Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas no Estado de São Paulo) e da AESCON-SP (Associação das Empresas de Serviços Contábeis do Estado de São Paulo) com seus associados. Para isso, instituiu o PQEC – Programa de Qualidade de Empresas Contábeis, que visa à capacitação do capital humano e o aprimoramento dos processos.
Criado em 2005 com o objetivo de incentivar as empresas de serviços contábeis à melhoria contínua de seus processos, o PQEC é hoje uma referência no mercado empreendedor e para aqueles que não abrem mão da excelência. O Programa é composto por cinco módulos e a manutenção contínua. Nos módulos quatro e cinco, as empresas podem optar tanto pela Certificação do PQEC como pela Certificação do PQEC/ISO.
Seis empresas contábeis de Rio Preto e duas da região já conquistaram a certificação do PQEC: Augusto Contabilidade, Contep Contabilidade, São Judas Contabilidade, Reunidos Contabilidade, São Francisco Contabilidade e Velani Contabilidade. E na região: Nova Aliança Contabilidade, de Olímpia, e Escritório Contábil Mazocato, de Mirassol.
Estamos passando por um processo de transição com a nova lei das S.A e a adoção das normas internacionais de contabilidade. A adoção destas trará muitas vantagens para as empresas brasileiras, tornando-as mais competitivas no mercado mundial, com maior credibilidade e transparência, pois a apresentação das demonstrações em IFRS é vista no mercado internacional como uma boa prática de governança corporativa.