Muitos pais, principalmente os de primeira viagem, talvez nem imaginem que os cuidados com seus bebês vão além de coordenar os horários da alimentação, do banho, das trocas de fralda e do malabarismo para driblar as cólicas e fazê-los dormir. Há ainda a atenção com as unhas dos pequenos, que crescem muito rápido e precisam ser cortadas com frequência. Nesse processo, o corte errado pode encravá-las. O fato corriqueiro para adultos pode passar despercebido para os pais, até que surjam sintomas de infecção, como a febre.
A unha encrava porque fica impedida de continuar seu desenvolvimento ao encontrar uma barreira formada pela própria pele. Com seu crescimento comprometido, a unha acaba empurrando e entrando na pele, o que acaba provocando a dor e a inflamação. Segundo a dermatologista Ellen Bertoldi Pozetti, o aumento da temperatura corporal é a indicação de uma infecção devido a uma contaminação por bactérias. “Nesses casos, a dor aumenta e o local fica avermelhado e quente, podendo até ocorrer a saída de secreção, às vezes com pus, sendo obrigatório procurar um médico imediatamente para iniciar o tratamento”, alerta.
Quando a inflamação tem início, o bebê também coloca em ação o seu meio de comunicação para indicar que algo não vai bem: o choro. Geralmente, o choro parece não ter nenhum motivo específico, mas vem acompanhado de irritabilidade, diz a dermatologista. Crianças maiores são capazes de denunciar com mais facilidade o que lhe incomodam. A recomendação é para que o corte das unhas, tanto dos bebês quanto das crianças, forme um ângulo de 90 graus. Esse trabalho precisa ser realizado com paciência, pois as unhas, em especial as dos mais novos, são mais finas e frágeis.
Por isso,devem ser usadas tesouras menores e de pontas redondas.
Uma dica da podóloga Fernanda Honório Fernandes, da clínica Virgo, é higienizar as mãos e os materiais que serão usados para o corte das unhas das crianças e dos bebês. Aconselha-se também lixar as unhas, já que podem ficar com aspecto cortante e provocar machucados no próprio bebê ou na criança.
Causas
A dermatologista Viviane Frange explica que as unhas encravadas ocorrem no hálux, o primeiro dedo do pé. Em bebês e crianças, além do corte inadequado, que pode ser irregular ou muito próximo à pele, o problema pode ser provocado pelo uso de meias e de sapatos apertados. Mas não é só isso. Viviane conta ainda que até mesmo o atrito dos pezinhos no bebê-conforto e em carrinhos de passeio, os primeiros movimentos ao começar a engatinhar ou uma alteração congênita da unha também podem ser responsáveis pelo incômodo.
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Prevenção é a solução
“A primeira medida a ser adotada é a prevenção, devendo-se observar e afastar os fatores causais”, orienta a dermatologista Viviane Frange.
O uso de tesouras de bico redondo, os traumas e os possíveis atritos em roupas, calçados ou alguns objetos do dia a dia infantil devem ser excluídos para ajudar a amenizar e evitar o problema.
A recomendação dada pela podóloga Fernanda Honório Fernandes é que as unhas dos bebês sejam cortadas no formato quadrado. “O erro mais comum dos pais é cortar a unha arredondada, retirar os cantos, as peles mortas e até as laterais, além de deixá-las muito curtas. Todos esses processos podem machucar e levar a uma inflamação”.
Ao nascer, algumas crianças precisam receber esse cuidado ainda na maternidade, pois as unhas são formadas já no útero da mãe.
Para dar conta de fazer o corte correto, sem possibilidade de ferimentos, a dermatologista Viviane Frange diz que “a mãe deve se manter tranquila e segura, e as unhas devem ser cortadas em um momento em que a criança encontra-se calma, podendo ser durante o sono pesado ou a amamentação e até mesmo quando estiver distraída”.
Entre as orientações de cuidados estão a higienização com água morna e sabão e a elevação da ponta da unha que apresenta a penetração no tecido do dedo. “Na apresentação dos sinais já destacados, deve-se procurar um médico, pois pode ser necessária a utilização de antibiótico tópico ou sistêmico”, destaca Viviane.
Bactérias também provocam o chulé
Assim como pequenos pés podem ter unhas encravadas, os pezinhos dos bebês e das crianças podem desenvolver a bromidrose plantar, mais conhecida como chulé. Os especialistas afirmam que, embora menos comum para os bebês, mantê-los calçados por muito tempo pode provocar a ação de bactérias que, com a umidade do suor, causam o mau cheiro. “Também predispõem à maceração e à infecção fúngica dos pés”, acrescenta a dermatologista Ellen Bertoldi Pozetti.
Para evitar o cheirinho desagradável dos pés das crianças é importante seguir as mesmas recomendações dos adultos. Os pés podem ser lavados com sabonetes de composição antisséptica e bem secos após o banho, inclusive entre os dedos. Outra dica é dar preferência ao uso de meias de algodão, sempre com trocas diárias. “Nunca deixar que os pés fiquem úmidos por muito tempo. Existem alguns casos em que os pés devem ser tratados com medicamentos tópicos, prescritos por dermatologistas”, ressalta Ellen.
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Elen Valereto (Diário da Região)
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