Ele tem cara e discurso de mago. “A vida provém do espírito e para ele volta quando o corpo se extingue, enquanto o ser humano não aceitar essa verdade a frustração e a infelicidade continuarão a rondá-lo. O eixo da nossa vida deveria estar baseado nesta premissa”, afirma Waldemar Falcão. Leia entrevista.
Matéria publicada na revista Parcerias do Bem, ed.janeiro/2010
Texto: Cris Oliveira
Waldemar Falcão é músico, astrólogo e escritor. Ele foi flautista de Zé Ramalho no início dos anos 80, e a astrologia surgiu em sua vida para ocupar as horas vagas das turnês. De passatempo se tornou profissão. Ele atua como astrólogo desde 1987.
Em um papo que foi do descontraído ao sério, Waldemar falou a Parcerias do Bem sobre a importância da espiritualidade e a influência dos astros na vida das pessoas.
“Espero que os seres humanos se conscientizem do fato de que estamos todos no mesmo barco, este belo planeta azul chamado Terra. E que deveríamos ter uma noção mais clara do nosso papel neste teatro da existência. Somos usuários e não proprietários do mundo em que vivemos”, pontua.
Parcerias do Bem – As pessoas estão mais conscientes sobre o que é a astrologia, ou ainda a confundem com a astronomia?
Waldemar Falcão – Com a popularização da astrologia ocorrida nos últimos dez a quinze anos, é bem maior a conscientização do público sobre suas aplicações e utilidades. Essa confusão com a astronomia praticamente inexiste atualmente.
PB – E qual o papel da astrologia para nossa vida. Ela tem sua força e ponto, ou é preciso crer, como no caso da fé?
WF – Astrologia não é uma questão de crença. Ela funciona e pronto. Muitos de meus clientes não têm nenhuma ligação com questões religiosas ou espirituais, e vêm em busca de informações concretas e aplicáveis em suas vidas diárias.
PB – Muita gente fala que não acredita em horóscopo, mas que lê assim mesmo. No quesito astrologia, como podemos nos orientar, e seguir as indicações astrais?
WF – O horóscopo diário baseado apenas no signo solar é algo muito vago e genérico, que pode até dar certo eventualmente, mas as previsões têm que ser feitas a partir do mapa individual de cada pessoa interessada. Nestes casos, os prognósticos têm uma margem de acerto impressionante, não só comigo, mas com todos os bons profissionais da área.
PB – A Danuza Leão conta que você foi o responsável por prever que ela faria sucesso na carreira. Isso é verdade? Como se deu a previsão?
WF – É verdade. Danuza esteve comigo pela primeira vez em um momento de grande crise pessoal, e esta crise estava espelhada claramente nos ciclos planetários por que ela passava na época. Deu para perceber, primeiro a transformação pessoal que se processava naquele momento, e também as boas perspectivas que já se delineavam para o futuro próximo. Foi apenas o caso de explicar para ela o que estava acontecendo e antecipar as boas notícias que já estavam indicadas nos seus trânsitos planetários. Não posso deixar de destacar a generosidade dela para comigo, ao mencionar o fato em seu livro de memórias.
PB – É evidente que estamos em um momento mundial complicado. São crises, doenças, fenômenos da natureza. O que os astros anunciam para 2010?
WF – Haverá um aspecto de muita tensão no céu ainda neste final de ano e que se estenderá pelo ano de 2010. É um ângulo de 90 graus (chamado de “quadratura” em astrologia) entre os planetas Saturno e Plutão. De certa forma é a continuação da mudança na ordem econômica e política mundial, durante a qual é provável que aconteça um outro problema na economia planetária semelhante (e possivelmente mais intenso) ao que ocorreu em 2007. Pela natureza dos planetas envolvidos nesta configuração, podemos esperar também fortes turbulências ambientais e geológicas.
PB – Existe algum conselho cósmico para superar as mazelas?
WF – Existe uma oração que é atribuída a um militar inglês do século XIX que diz: “Senhor, dai-me forças para mudar o que pode ser mudado, serenidade para aceitar o que não pode ser mudado, e sabedoria para distinguir uma coisa da outra”. Não posso imaginar uma formulação mais lúcida e sábia do que essa.
PB – Você é autor de “Encontros com médiuns notáveis” e “O Deus de cada um”. Gostaria que falasse um pouco sobre cada um deles.
WF – Ambos foram escritos em linguagem clara e coloquial, para que pudessem ser lidos por pessoas que não têm necessariamente um envolvimento maior com as questões espirituais, mas que tenham alguma curiosidade e interesse sobre estas questões.
“Encontros com médiuns notáveis” é um texto mais individual, por isso mesmo escrito na primeira pessoa, e que narra fatos reais e em alguns casos, muito íntimos, testemunhados por mim ao longo de mais de vinte anos. São histórias reais de seis paranormais de diferentes habilidades mediúnicas, seres humanos com poderes espantosos e ao mesmo tempo pessoas com problemas corriqueiros como todos nós. A grande diferença entre eles e nós é a disponibilidade para ajudar o próximo, de uma forma desprendida e generosa.
Já “O Deus de cada um” é um livro mais pesquisado, um projeto editorial escrito na terceira pessoa, onde eu mantenho a distância habitual do narrador para poder contar as histórias reais de nove homens e mulheres em sua trajetória de busca espiritual. Houve uma preocupação de retratar a realidade multirreligiosa que é característica do povo brasileiro, e por isso temos praticantes de nove tradições espirituais diferentes: catolicismo, zen-budismo, neo-pentecostalismo, umbandismo, islamismo, hinduísmo, judaísmo, santo daime e esoterismo.
PB – Acreditar em um Deus, seguir a espiritualidade, modifica em que a qualidade de vida das pessoas?
WF – Enquanto o ser humano não se der conta de que a vida provém do espírito e para ele volta quando o corpo se extingue, a frustração e a infelicidade continuarão a rondá-lo. O eixo da nossa vida deveria estar baseado nesta premissa. O grande teólogo jesuíta Pierre Teillard de Chardin afirmava que “não somos seres materiais que eventualmente temos uma experiência espiritual, mas sim seres espirituais que estamos passando por uma experiência material”. Essa é a modificação que pode se operar em qualquer um que se dê conta dessa realidade, independente de sua escolha ou opção religiosa.
PB – Qual é o seu Deus?
WF – Aprendi com D. Célia, médium retratada em “Encontros com médiuns notáveis” e com quem convivi durante 25 anos, a chamá-Lo (ou chamá-La) de “Princípio de Inteligência” (um nome masculino) ou “Consciência Cósmica” (um nome feminino). Na série de livros “Operação Cavalo de Tróia”, de autoria do escritor espanhol J.J. Benítez, existem duas outras belas conceituações para o Ser que chamamos de “Deus”: “Centro da Gravidade Absoluta” (masculino) ou “Ilha Nuclear de Luz” (feminino). Este é o meu Deus, o Deus de todos nós.
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