Por Cecília Dionizio – Diário da Região – 07 de Abril de 2013
Uma nova técnica tem sido utilizada com sucesso, ainda que em caráter experimental, no controle do vitiligo, por pesquisadores da Clínica Mayo, nos EUA. Trata-se de enxertos autólogos de pele, em que se usa a própria pele para realizar o preenchimento das áreas onde acontece a despigmentação. A técnica foi recentemente apresentada em Rio Preto, durante evento de dermatologistas e, segundo o professor João Roberto Antonio, da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp), o transplante autólogo tem sido utilizado em casos onde há grande resistência aos tratamentos convencionais.
“Neste caso, se recorre ao enxerto de melanócitos cultivados ‘in vitro’, desde que a doença não tenha atividade, ou seja, sem modificações das lesões nos últimos dois anos, e que não tenham antecedentes pessoais de vitiligo na família e sem propensão à formação de cicatrizes tipo queloides”, explica.
Na Clínica Mayo, o transplante é feito com a remoção de pequenos pedaços de pele de uma determinada área do corpo do próprio paciente, que não tenha sido afetada pela doença, e depois é reaplicada em outras áreas. Em geral, está sendo usado apenas em quem tem pequenas manchas de vitiligo. Só tem indicação para quem não sofre com queloides, porque dentre as complicações possíveis estão as cicatrizes, pigmentação irregular ou falha da pele transferida para repigmentação.
O cantor Michael Jackson talvez tenha sido o portador de vitiligo mais famoso da história. Entretanto, jamais assumiu a doença publicamente, mas o fato veio à tona quando insistiu em se submeter a um tratamento que despigmentou toda sua pele. Com isso, não ficou com o aspecto que denota a doença, que são as manchas esbranquiçadas.
O dermatologista Roberto Antônio explica que o vitiligo é uma doença cutânea de causa ainda desconhecida, que afeta 1% da população mundial, igualmente distribuído entre homens e mulheres. “Alguns fatores podem ser citados como contribuintes para desencadear a doença, como herança genética, estresses físicos e emocionais, traumas cutâneos e substâncias químicas. Além disso, há clara associação com doenças autoimunes, como as tireoidianas. Diversos tratamentos estão disponíveis atualmente, como esteroides, psoraleno, laser, terapia cirúrgica, imunomoduladores, entre outros, mas a escolha deve ser baseada individualmente para cada paciente”, diz.
A dermatologista Denise Steiner, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica as manchas podem surgir em várias partes do corpo, com um fino halo mais pigmentado (de pele mais escura) a seu redor. Essas manchas atingem principalmente a face, extremidades dos membros, axilas, genitais, cotovelos e joelhos, mas podem chegar a acometer quase toda a pele. Quando atingem áreas pilosas, os pelos também perdem a coloração e ficam brancos. Ferimentos na pele podem dar origem a novas lesões, geralmente bilaterais. Também se apresentam de forma isolada ou disseminada, e seu aparecimento se dá devido à alterações da formação da melanina – células responsáveis pela pigmentação da pele – nos locais afetados.
Aspectos psicológicos
Segundo estudiosos, o vitiligo tem curso crônico, com tendência ao aumento progressivo das lesões. E como não há como prever o tipo e a extensão da evolução da doença, recomenda-se uma atenção especial à parte emocional, pela alta sensibilidade que a pele possui. Por não ter cura ainda, é importante saber que o vitiligo pode permanecer estável durante anos e voltar a se desenvolver ou a regredir espontaneamente. Não é raro, num mesmo paciente, ocorrer regressão de algumas lesões, enquanto outras se desenvolvem.
No estudo conduzido pelo psicólogo Paulo Afrânio Sant’Anna, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, fica evidente a influência que os aspectos emocionais podem ter sobre o avanço e o retrocesso da doença. Daí a importância do tratamento psicoterapêutico como forma de contribuir para a regressão do vitiligo. E é o que faz um grupo coordenado pelo psicólogo, responsável pelo uso do chamado jogo de areia, que tem obtido importantes resultados para reverter os quadros agravados da doença.
O dermatologista João Roberto Antônio, de Rio Preto, concorda que o vitiligo é a dermatose que causa mais abalo emocional nos pacientes e nos familiares. “No âmbito emocional e social, pode levar um portador que não aceite essa condição cutânea a um prejuízo estético, constrangimento, discriminação social, isolamento, medo de que as manchas aumentem, impaciência e até desespero”, diz.
Fototerapia
Entre outras formas de combate ao problema, a fototerapia tem sido uma importante aliada. Mas não apenas no tratamento de doenças de pele como vitiligo, psoríase, linfomas cutâneos, eczemas crônicos e outras. O tratamento é feito com sessões de exposições repetidas e coordenadas à radiação ultravioleta A ou B, por meio de aparelhagem específica (câmaras ou minilâmpadas).
As máquinas mais modernas empregam o uso de UVB, num comprimento de onda específico, chamado de UVB narrow band, que é mais seguro, podendo ser usado em crianças e gestantes, além de ser mais eficiente para algumas doenças. O médico responsável poderá optar ou não pela associação de outros medicamentos, como pomadas, cremes ou remédios via oral.
”Os resultados aparecem, em média, com três meses de tratamento, de duas a três sessões semanais. Esse tempo pode variar de acordo com a doença e o quadro apresentado pelo paciente. Lembrando que o tratamento é individualizado, assim como a resposta terapêutica”, explica a dermatologista Eurides Pozetti, professora da Faculdade de Medicina de Rio Preto.
DEPOIMENTO:
Tenho vitiligo desde os 10 anos de idade, hoje tenho 60, na minha juventude e depois de adulta foi frustante, pois começou a despigmentar totalmente minha pele. Sempre usei medicamentos, mas quando estava com 50 anos, dentro de uns 10 meses, meu corpo despigmentou todo, fiquei totalmente branca. Creio que, porque já fazia tratamento, fique meio rosada, minha pele era morena, não restou nada, nenhuma pinta. Mas hoje estou bem psicologicamente, gosto da minha cor, me aceito. Mesmo rosada, costumo usar maquiagem no rosto e nos braços, para parecer um pouco morena. Não vejo vitiligo como uma doença, apenas tive um descontrole em meu organismo, e certamente se Deus me marcou com o vitiligo é porque muitas coisas boas ainda virão na minha vida”
Luize Brito, aposentada
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